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O Que é Candomblé
O Que é Candomblé

 

                              
 
                                
O candomblé foi levado ao Brasil por escravos nativos da África, na região de Angola, no final do século XVI. Entre as religiões brasileiras o candomblé é considerada a mais pura, é uma religião musical e culturalmente rica, pois sua dança tem papel muito importante nos rituais. O Candomblé é o culto afro que mais preserva as origens africanas em sua integridade, procurando evitar o sincretismo religioso. Para os colonizadores portugueses, as danças e os rituais eram considerados feitiçarias e deveriam ser proibidos. A solução encontrada era rezar para um santo e acender a vela para os orixás. Por isso, o candomblé possui alguns traços do catolicismo.

Os Orixás são os deuses africanos cultuados no candomblé. Alguns são seres primordiais, outros são vistos como ancestrais divinizados dos clãs africanos. Eles estão longe de se parecerem com os santos católicos que um sincretismo arcaico insiste em manter. Ao contrário, eles revelam características humanas, como emoções, vontades e tendências diversas, que os aproximam bastante das pessoas que os têm como patronos. Cada traço da personalidade é associado a um elemento da natureza e de sua cultura. O Àse das forças da natureza é parte do Òrìsà, porque o seu culto é exatamente dirigido a esses poderes: nascimento, vida e morte, saúde, doenças, chuva, orvalho, mata, rio etc. Representam os quatro grandes elementos: fogo, ar, terra e água, e os três estados físicos dos corpos: sólido, líquido e gasoso. Representam ainda os três reinos: mineral, vegetal e animal, além dos princípios masculino e feminino, também presentes em sua representatividade. Tudo isso revela o poder vital, a energia, a grande força de todas as coisas existentes, que é denominada de Àse.Cada Orixás possui seu sistema simbólico: cores, cantigas, danças, rezas, comidas e proibições.

Possessão pelo Orixá

Dentro da liturgia do Candomblé brasileiro, existem alguns homens e mulheres que se transformam possuídos pelos Òrìsà durante os rituais, esses são chamados de Ìyàwó Òrìsà (filho do Orixá) (ìyàwó-esposa) ou Elégún Òrìsà (aquele que é montado pelo Òrìsà) ou ainda, simplesmente, por médium, na terminologia afro-brasileira. Essa possessão é bastante notavel durante as festas públicas nas casas de Candomblé, quando se exibem os toques, as danças e as cantigas rituais para que as divindades se manifestam diretamente na pessoa incorporada.Nessas ocasiões, as pessoas cantam, dançam de maneira diferente, expressam-se verbalmente e os fiéis recebem suas mensagens como vindas daquele Òrìsà que agora está personificado no "medium".

Mas, para receber ou ter esta capacidade de incorporar o Òrìsà, essas pessoas têm de passar por certos rituais de purificação e iniciação para, aí sim, cumpridos os rituais, terem o privilégio de serem consideradas especiais, não importando o sexo, a idade, ou o tempo de iniciação. Pois uma pessoa que possuir capacidade de incorporar o Òrìsà é vista como um escolhido e não existe honraria maior para um adepto do culto do que a capacidade de incorporar um Òrìsà, emprestando o seu Orí àti ara (sua cabeça e corpo) para tornar-se um meio de comunicação direta do Òrìsà com os demais fiéis do culto.

A hierarquia do terreiro

O terreiro mais antigo do Brasil, nasceu na Bahia em Salvador há 450 anos, é conhecido como Engenho Velho ou Casa Branca e fica na Avenida Vasco da Gama.

O abiã é o iniciante, uma espécie de noviço. Participa de rituais até se tornar um iaô, filho-de-santo. Depois de pelo menos sete anos, chega ao posto de ebômi. Ao atingir esse posto, pode ser indicado a algum dos cargos do terreiro:

Iabassê: Mãe das comidas, responsável pela cozinha. Não recebe santo.
 
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Agibonã: Responsável pela iniciação dos iaôs. Não recebe santo.
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Ialaxê: Cuida das oferendas e objetos de culto aos orixás. Toma conta do terreiro quando o cargo de pai ou mãe-de-santo fica vago. Não recebe santo.
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Baba-quererê ou iá-quererê: Pai ou mãe-pequena, que ajuda no comando do terreiro. Recebe santo.
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Babalorixá e Ialorixá: É a outra forma para se referir a pai-de-santo e mãe-de-santo. São os únicos que jogam búzios.

Os ajudantes

yarobas (Ekeds) Mulheres que cuidam dos orixás incorporados e os ajudam em suas danças rituais. Não recebem santo.
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Iamorô: Cuida das cerimônias de Exu, um ritual fechado ao público. Exu convoca os orixás para a festa dos humanos. Oferece-se comida e bebida para ele.
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Ogãs: Ajudantes que não recebem o santo. São divididos em: alabês: tocadores de atabaque e Axoguns: responsáveis pelo sacrifício dos animais, que são oferecidos aos orixás pejigãs: tomam conta dos quartos dos santos
 

Muita gente acredita que os orixás são seres inferiores, perversos e de pouca luz. Ou, então, chegam a defini-los como criaturas demoníacas, com grande poder de destruição, usados somente para o mal. Mas, então, o que realmente são os orixás?

Para nós, os orixás são seres divinos criados por Olorun, nosso Deus único, que o auxiliaram na criação do universo e de todos os seus componentes. A partir daí, eles ganharam a função de intermediários entre o criador e a criatura. É através deles que podemos tentar chegar um pouco mais perto de Deus, se isso não for muita pretensão para nós, meros mortais.

Segundo os yorubás, os orixás são os donos da nossa cabeça, ou "ori", e nossos protetores individuais. Eles estão sempre tentando nos transmitir seus conhecimentos, que, muitas vezes, passam desapercebidos pela nossa razão, mas não pelos nossos sentidos. Infelizmente, não damos a devida importância a esse fato, achando que são "coisas da nossa imaginação". Segundo acreditamos, houve uma grande ruptura entre os seres humanos e os orixás, que antes viviam lado a lado, cada um podendo visitar o mundo um do outro; ou seja, a Terra (aiye) e o céu (orun), estavam ligados entre si, não existindo barreiras. Algumas lendas do Candomblé contam que tudo corria muito bem, até um ser humano desrespeitar a ordem estabelecida por Olorun. Seu erro foi adentrar em um local proibido, maculando-o com a sujeira da Terra. Isso não foi perdoado, e a separação tornou-se inevitável. Assim, Oxalá soprou o seu hálito divino sobre a Terra, criando o ar atmosférico, que seria, daí em diante, a barreira entre esses dois mundos. Desde então, os seres humanos vivem tentando alcançar o céu e seus seres encantados, sem obter resultado.

Nós, através do Candomblé, conseguimos restabelecer essa ligação com o orun, e temos o poder de presenciar claramente a manifestação da centelha divina em nosso interior, que é a experiência mais maravilhosa que alguém pode experimentar. A esse conjunto de mecanismos criados pelos seres humanos para tentar chegar mais perto do criador e reatar, assim, a comunicação interrompida no passado, é a melhor definição para a palavra religião.

Há varias formas de um mesmo orixá, isto é, existem vários tipos diferentes provenientes de uma mesma origem divina. A esse fenômeno damos o nome de qualidades. Tomemos o exemplo do orixá Oxun, que reina nas águas doces. Ele irá subdividir-se em várias formas ou qualidades, como: Pondá, Opará, Kare, Topé, etc. Todas essas qualidades têm a mesma essência, mas diferem entre si em muitas coisas, inclusive no que diz respeito a seus fundamentos e rituais. Esse tema é muito complexo, gerando dúvidas até mesmo entre os babalorixás.

Por isso, para podermos detectar o orixá de uma pessoa, assim como sua forma ou qualidade, é preciso consultar o oráculo de Ifá, ou jogo de búzios. Não existe outro meio mais seguro e eficaz.

Através dos búzios, um bom sacerdote será capaz de identificar, o orixá ao qual a pessoa pertence, e também verificar se há, realmente, a necessidade de se fazer a iniciação. Caso isso seja inevitável, a pessoa em questão deverá passar por vários preceitos de confirmação até o dia da feitura. É fundamental que não haja erros de espécie alguma, pois é com a vida de um ser humano que estamos lidando.

Quando o babalorixá identifica o orixá de alguém, terá, necessariamente de levantar todos os detalhes que estão ligados a ele, como a família ao qual pertence, as oferendas de que gosta, o tipo de comida que mais lhe agrada, seus lugares de ebós, rezas, cantigas, etc. É, também, muito importante saber sobre o elemento da natureza que ele habita e domina, bem como a função que desempenha dentro do universo.

Os orixás podem ser evocados através de rezas (aduras), cantigas especiais (orikis), ou pelo seu nome dentro do plantel dos orixás (morunko). Cada um deles tem suas cores predominantes, que derivam das três cores básicas do universo, que, segundo os yorubas, são o vermelho, o preto e o branco. As roupas rituais de cada orixá, além de todos os adereços e ferramentas que lhe são peculiares, também exibirão essas cores. As comidas também são indispensáveis nas oferendas, variando muito de orixá para orixá.

Existem infinitas lendas a respeito dos orixás, que foram transmitidas de geração em geração, seguindo a tradição oral. Nelas encontramos casos de casamentos entre orixás como, por exemplo, o de Xangô com Iansan. Na realidade, o que essas lendas querem mostrar, através de uma linguagem simples e inteligível, é que esses casamentos representam uniões entre dois ou mais elementos da natureza. Não podemos atribuir aos orixás características e sentimentos humanos

Os orixás são deuses africanos que correspondem a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. As características de cada Orixá aproxima-os dos seres humanos, pois eles manifestam-se através de emoções como nós. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Cada orixá tem ainda o seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes, espaços físicos e até horários.
 
Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravatura, cada orixá foi também associado a um santo católico, devido à imposição do catolicismo aos negros. Para manterem os seus deuses vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los na roupagem dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente.
 
Estes deuses da Natureza são divididos em 4 elementos – água, terra, fogo e ar. Alguns estudiosos ainda vão mais longe e afirmam que são 400 o número de Orixás básicos divididos em 100 do Fogo, 100 da Terra, 100 do Ar e 100 da Água, enquanto que, na Astrologia, são 3 do Fogo, 3 da Terra, 3 do Ar e 3 da Água. Porém os tipos mais conhecidos entre nós formam um grupo de 16 deuses. Eles também estão associados à corrente energética de alguma força da natureza. Assim, Iansã é a dona dos ventos, Oxum é a mãe da água doce, Xangô domina raios e trovões, e outras analogias.
 
No Candomblé cultuam-se muitos outros orixás, desconhecidos por leigos, por serem menos populares do que Xangô, Iansã, Oxossi e outros, mas com um significado muito forte para os adeptos dos cultos afro-brasileiros. Alguns são necessariamente cultuados, devido à ligação com trabalhos específicos que regem, para a saúde, morte, prosperidade e diversos assuntos que afligem o dia-a-dia das pessoas. Estes deuses africanos são considerados intermediários entre os homens e Deus, e por possuírem emoções tão próximas dos seres humanos, conseguem reconhecer os nossos caprichos, os nossos amores, os nossos desejos. É muito frequente dizer-se que as personalidades dos seus filhos são consequência dos orixás que regem as suas cabeças, desenvolvendo características iguais às destes deuses africanos.
 
Apresento a seguir as descrições dos 16 Orixás mais cultuados. Recordo no entanto que existem diversas correntes no Candomblé e por essa razão as informações poderão ser diferentes de acordo com a tradição ou região.